sábado, 16 de outubro de 2010

Quero morar no bar!




Sexta...
O dia seria igual a tantos outros não fosse a lembrança de que hoje é sexta. Isso me transporta para o fato de que é comecinho de final de semana, e consequentemente que hoje é dia de tomar uma. Ah,  a mardita! Essa danada que não me sai da cabeça...
Pode ser loira, destilada, branquinha, encorpada, envelhecida, ardente, fermentada, espumante, borbulhante, misturada, batida ou socada. Não importa. A verdade é que quem bebe, não o faz apenas pela bebida. Quem bebe tem um motivo social (quiçá cultural!) para fazê-lo.
Sei que a bebida em excesso faz mal a saúde. Não estou aqui para dar conselhos de como viver bem e com saúde. Cada um sabe de si!
Entretanto, temos que admitir o valor social da mardita. É nos bares onde melhor se analisa essa questão. Em que lugar você pode encontrar tanta alegria e desprendimento (mesmo que alguns sejam artificiais)? Poucos são aqueles que entram no boteco pensando em chorar, reclamar da vida, e coisas do tipo. Quem gosta de uma esticadela até o bar, o faz para relaxar, espairecer, esquecer as mazelas do corre-corre cotidiano. É ali, no bar, que repomos nossas energias. Ali, faz sentido passar a semana toda no aperreio, pois temos a certeza que a próxima sexta chegará e lá estaremos nós novamente, bebemorando a vida.
Aliás, nós consumidores da mardita deveríamos pleitear nossos direitos enquanto beberrões e tentar instituir no país uma lei que garantisse a esticadinha até o bar todo final de expediente. Já pensou?  Finalzinho do dia, você entrava no bar, pedia um drink ou uma lapada e mandavaver. Se o boteco tivesse um sonzinho pra acompanhar seu deleite, melhor ainda! Eu, particularmente preferiria terminar meus dias numa roda de samba. Dessas de um violão, um pandeiro, um cavaquinho, uma cuíca e uma caixa de fósforos na mão.Tem jeito melhor de terminar o dia? No batuque do samba e nas letras improvisadas toda problemática do meu dia-a-dia, desapareceria. Ao menos momentaneamente.
E os amigos que se formam a partir do bar? Aquele cara do escritório que vive de cara feia, mal humorado e que mal cumprimenta os colegas, mas que ao participar de um encontro com os mesmos em um boteco, se mostra outra pessoa logo após a primeira dose?
E os encontros amorosos?  Ah,  no bar tudo pode acontecer!!! Você sai de casa solteiro e pode voltar com a data do casamento marcada, dependendo do grau etílico.
Ou ainda, chegar ao bar e não achar ninguém interessante até tomar o primeiro gole e já começar a perceber detalhes pra lá de marcantes na pessoa da mesa ao lado. Um sorriso, uma piscadela e você se apaixona.Vai dizer que nunca aconteceu isso com você? Ta certo que se a coisa seguir adiante e você acordar do lado de uma pessoa estranha e ainda por cima ressacado... ic! Ic!...A coisa não será tão boa assim. Mas você viveu o momento.
A verdade é que no bar nossa motivação é a felicidade. Queremos ser felizes, nos sentir felizes, ao menos naquele instante. Por isso, talvez eu freqüente tantos bares. Para,  quem sabe assim, prolongar meus momentos de felicidade.
E os poetas de boteco? Os filósofos? Os politicamente corretos? Ah, é no bar que o mundo acontece! A bebida desperta o poeta que há em cada um de nós. A coisa flui...
Letras de músicas, discursos inflamados, teorias científicas. Tudo se cria no bar a partir da primeira dose. O álcool mexe com a gente! Faz nossos neurônios entrarem em ebulição.
Estou em época de provas na faculdade e agora me veio à mente a idéia de tomar sempre uma dose antes de enfrentar a avaliação. Boa idéia! Não fosse o bafo, certamente minhas respostas acadêmicas teriam melhor conteúdo, tendo em vista que ao beber o ser humano se torna mais seguro de suas idéias.
Não sei por que, mas essa conversa toda me deu uma vontade danada de tomar uma cervejinha gelada acompanhada de um torresminho, ou quem sabe até um churrasquinho de gato, na presença de meus amigos constantes e tão apreciadores de bebida e vida quanto eu.
Vale salientar que não bebo cerveja, eu degusto! O sabor da cerveja me alucina.  Quando degusto cerveja eu aprecio o sabor da embriaguez  atravessando minha garganta.
Gosto de boteco. Os bares chiques e imponentes não são para pessoas como eu. Uma vez ou outra, vá lá! Faço o social! Bom mesmo é sentar no boteco, sem frescura, onde você pode estar vestido informalmente, de chinelo de dedos, falar  o que pensa, ficar amigo do dono do bar, tomar uma com ele, chamar o garçom pelo nome, reconhecer os freqüentadores como iguais, deixar um pindura e sair de lá na certeza que quer voltar ali.
O álcool faz mal a saúde, mas faz um bem danado a vida! Ao menos, a minha!
Hoje é sexta! Ic, ic! Tomas nada?

Escrito em : 08.12.2006 (uma sexta como outra qualquer)