terça-feira, 20 de novembro de 2012

Amigos...
Trago para vocês um texto que escrevinhei em 2005 por ocasião do dia da consciência negra e que não custa nada fazer a mesma reflexão agora em 2012.
 
Cláudia Maia
Tiazona
 
 
 
20 de Novembro - Dia da Consciência Negra
 
 
Foram quase 400 anos de escravidão no Brasil. Quase 400 anos capturando negros como se fossem animais, torturando, matando, tentando aniquilar sua cultura, negando sua condição básica de ser humano. Nosso país foi o último do mundo a assinar a abolição, em 1888. O que aprendemos ao longo desses anos que sucederam a abolição?
Nada!
Em sua grande maioria os negros continuam sendo perseguidos. Não com chicotes e de forma explícita, mas ainda vivem à margem da sociedade (sociedade? Isso é sociedade?).
Fico cada dia mais indignada com essa história de “dia disso, dia daquilo”. Putz! A consciência deveria ser diária. Reconheço que a comemoração desse dia foi fruto de grande luta, mas não entendo porque determinadas pessoas só param para pensar nessa questão no dia de hoje, como se apenas hoje ela tivesse importância.
Tenho vários amigos negros, e sinceramente, não vejo diferença entre brancos e negros, além do brilho que irradia em sua pele, sua cor. Amo cada um deles e não apenas por serem negros, mas principalmente por ser gente que mesmo lidando com o preconceito camuflado da sociedade continuam correndo atrás de seus ideais e direitos de cidadãos.
A máscara que disfarça a cara das pessoas que ainda insistem em negar que são racistas me incomoda e muito. Conheço pais que nunca iriam querer sua filha branquinha namorando um negrinho, mesmo que ele seja muito “sarado” aos olhos da moça e que seu coraçãozinho pule de alegria ao encontrá-lo. Nessas horas me pergunto: o amor tem cor?
Outro exemplo são algumas  lojas de departamentos onde a busca por funcionários de "boa aparência"  quase sempre utilizam esse artifício para colocar de lado candidatos negros.
Conheço negros muito mais bonitos que certos brancos por aí.
Outra questão intrigante é a questão do autopreconceito. Negros que não admitem a sua cor, como se isso incomodasse a ele próprio e fizesse dele uma pessoa inferior diante das outras. Esses negros também precisam repensar o seu modo de enxergar a própria pele e principalmente a sua importância na sociedade.
Somos (a sociedade) racistas. A grande massa ainda o é. E o que fazer? ficar de braços cruzados esperando um novo Zumbi?
Nós precisamos encontrar um Zumbi em cada um de nós e daí fazer valer essa luta que já nem deveria mais existir.
Somos todos filhos de Deus! Aliás, Deus, esse ser que nos guia, tem cor?
Só espero que no dia da consciência negra, ao menos, algumas pessoas tenham consciência de que são responsáveis por seus atos e que negar o racismo é ainda pior. Reflita! Reveja seus atos isolados, olhe do lado, veja que negro lindo, que pessoa bela, que ser humano igual a você. E pense: PODERIA SER VOCÊ!
 
Negros...
Gente de nossa gente...
Filhos de Deus, negro ou não!
 
 
Cláudia Maia
(Tiazona)
Palavras ao Vento

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Manipular Pessoas




É muito comum nos dias de hoje a prática da arte da manipulação, seja no ambiente de trabalho, nas igrejas, na mídia, nos círculos de amizade e principalmente na política. Muitas vezes você é manipulado e nem se dá conta, tamanha é a sutileza utilizada pelo manipulador para obter êxito.
Manipular pessoas é tratá-las como "coisas" ou "objetos" a fim de explorá-las ou dominá-las. E, muitas são as formas de se fazer isso: induzir, iludir as pessoas para levar vantagem e obter lucro,  enganar, ludibriar para tirar proveito da "boa-fé", da inocência e da ingenuidade do outro.  O mundo está cheio de pessoas que usam desses artifícios para manipular e conseguir qualquer coisa. Ou seja, o manipulador objetiva obter fama, honras, títulos, reconhecimento público e notoriedade ou simplesmente tem motivação na ganância para obter lucros, posses e bens.  Manipular é dominar pela exploração moral e financeira.
Geralmente a manipulação é feita por meio de argumentos falsos, mentirosos, tendenciosos e interesseiros, e muitas vezes apelando para os sentimentos, medos, fobias e fraquezas do outro. Quer um exemplo disso?  A bajulação. Toda bajulação é uma forma de sedução com o objetivo de se obter alguma vantagem.
Em determinadas situações o manipular parte para a intimidação, a ameaça por meio de promessas de castigo ou retaliação. É o que acontece nos ambientes de trabalho e em algumas igrejas com o intuito de manipular os fiéis.
Por isso o melhor a fazer é ficar atento para não cair numa rede de manipulação. 
Mas lembre-se:  Não se pode manipular quem não se deixa manipular.
Pense nisso!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Tráfico de Influência



Segundo os dicionários e enciclopédias, tráfico de influência consiste na prática ilegal de uma pessoa se aproveitar da sua posição privilegiada dentro de uma empresa ou entidade, ou das suas conexões com pessoas em posição de autoridade, para obter favores ou benefícios para terceiros, geralmente em troca de favores ou pagamento. Consiste em solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função. Melhor dizendo, é crime e como tal deve ser tratado.
Entretanto todos nós sabemos que não é bem assim que tem acontecido em nosso país. Todos os dias a mídia, de forma sensacionalista ou não, mostra casos de tráfico de influência em diversos órgãos públicos. E você pensa que os casos existentes se resumem aos que são veiculados?  Você acredita que são casos isolados?  Será que esta prática não é mais comum do que se imagina?
Não sejamos inocentes. Já não cabe mais “tapar o sol com a peneira”. O caos, nesta seara, está generalizado. Tanto é assim que ouvimos falar em casos dentro do executivo, do legislativo e até do judiciário. 


Apesar de acreditar que existem homens honestos, honrados, incorruptíveis, tenho convicção de que pessoas com caráter duvidoso que buscam o tempo todo se beneficiarem a qualquer custo estão bem atuantes em nossa sociedade e agem de uma forma tão sutil que passam despercebidos pelos mais inocentes, e que estes muitas vezes são usados para que eles alcancem seus objetivos.
E pergunto:
Onde você acha que isso vai parar? 
Você acredita que a sociedade pode combater efetivamente a corrupção, o tráfico de influência e suas ramificações?  Alguns dizem por aí que existe solução.
Tenho medo de manifestações patriotas, defensoras do bem e da probidade administrativa, bem como da eficácia plena no serviço público e de levantadores de bandeiras partidárias em ano eleitoral. Exceções a parte, a maioria tem como meta obter foco, de preferência por meio de holofotes midiáticos para também se promoverem. Tenho medo. Tenho medo que os mais inocentes acreditem que eles podem resolver tudo como um passe de mágica. Que agora eles sabem o caminho das pedras. Como? Como só agora descobriram o antídoto milagroso para restabelecer a ordem? Ordem esta que nunca existiu, pois bem sabemos que desde a época de nossa colonização se fala em práticas de corrupção. 


Portanto, nunca teremos um país livre totalmente da corrupção e tráfico de influência porque alguns homens, mesmo vivendo em sociedade, preferem viver pensando isoladamente, buscando egoisticamente a sua realização em detrimento da felicidade dos seus semelhantes. Se bem que pessoas assim não se acham semelhantes a ninguém. Eles preferem pensar que são diferentes, que são melhores, mais espertos, e por isso, merecem mais que os outros.
Não estou querendo dizer que não devemos lutar contra o desmantelo que hoje vemos por aqui. Algo sempre é possível ser feito. Que tal cumprir as leis? Não preciso citar as inúmeras leis que existem no nosso ordenamento jurídico que determinam a punição de tais condutas com graves sanções.
Mas, como disse anteriormente, o judiciário também é composto por homens. Alguns probos. Outros, nem tanto.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Lembranças de minha mãe



Toda saudade vem sempre carregada de lembranças. 

Algumas lembranças que trago comigo me dão uma saudade danada de minha mãe. São aromas, perfumes, cores, sabores e coisas que basta ver, sentir ou comer para lembrar de Dona Antônia (Toinha, para os íntimos).
Minha mãe cozinhava muito e gostava do que fazia. Com certeza herdei dela o gosto pela cozinha. Até hoje algumas delícias preparadas por ela são inesquecíveis para mim e meus irmãos. Panqueca, strogonoff de camarão, rabanada, chuchu e cenoura à milanesa e bife rolè, entre outros com certeza tem o sabor de mãe. Isso sem falar em bolinho de feijão com farinha que ela comia amassando com as mãos. Ela adorava comer isso na hora do jantar. Nunca gostou muito de pão. Adorava tomar café preto, talvez porque fumasse muito.
E vem daí outra lembrança não muito boa, cigarros Continental, a marca do cigarro que ela fumou escondida de papai durante muitos anos. Para acompanhar o cigarro, além do cafezinho, confeitos de hortelã, que ela guardava escondidos no mesmo local em que escondia os cigarros para usar quando se aproximava a hora de meu pai chegar em casa. Era o pecado/segredo mais inocente que eu já vi na minha vida.
Toinha era bem humorada e, mesmo se estava aborrecida com alguma coisa ou alguém, sempre tinha um sorriso para quem chegasse lá em casa. Costumava dizer que os outros não tinham nada a ver com os problemas dela.  Gostava muito de música e dança. Até dançou pastoril na juventude. De vez em quando a família se juntava para dançar forró pé de serra, daqueles de duplo sentido, na casa de meu Tio Enéas, no bairro do Pinheiro. Lembro que ela adorava dançar e se fecho os olhos ainda consigo lembrar ela se sacudindo no meio do salão com papai e meus tios. Até se arriscava numa dose de Rum Montilla. Eram momentos felizes. Lembro que certa vez papai nos levou para ver o desfile das escolas de samba na Praia da Avenida e mamãe ficou em casa por algum motivo.  Acho que algum de meus irmãos era novinho ou estava doente.Quando voltamos, ela dormia embalada por doses de uma garrafa de Montilla que tinha em casa. Era perfeitamente compreensível, se lembrarmos que ela era meio alagoana e meio pernambucana, adorava frevo e folia. Deve ter sido uma tortura ficar ali “na vontade”.
Dona de casa passava o dia entre o fogão e a lavanderia, sempre com a roupa na altura da barriga um pouco úmida de lavar roupas à mão. Mas fazia isso sempre cantarolando alguma música brega sucesso naquele tempo. Seus ídolos eram Bartô Galeno, Amado Batista, Fernando Mendes e Odair José. “Parece que estou escutando ela cantarolando: “aquela menina em sua cadeira de rodas”...”; “no hospital, na sala de cirurgia, pela vidraça eu via você sofrendo a sorrir”.”; no toca-fitas do meu carro, uma canção me faz lembrar você...”; e “pare de tomar a pílula, pare de tomar a pílula, pare de tomar a pílula porque ela não deixa o nosso filho nascer.” Da cozinha para o quintal e dali para o corredor onde estendia as roupas e fumava o seu cigarro. Ali também ficavam algumas plantas que papai revendia e que me fazem lembrar dela por ali entre elas. Eram papoulas de várias cores e avencas em caqueiras e xaxins. Vez ou outra ela ia até a porta atender algum estudante ou vizinho querendo comprar flau (ou sacolé) que ela fazia e vendia. Passava horas enchendo aqueles saquinhos de vários sabores: coco, maçã, goiaba, coco e maçã. Eu ficava de língua rosada e lábios dormentes de tanto que chupava flau.
Existem outras coisas que me trazem recordações.  Lembro que ela gostava de comprar no catálogo da Avon. Não apenas gostava como também eram produtos que naquele tempo a gente podia pagar por eles. É bem verdade que hoje a Avon cresceu e os preços não estão mais tão acessíveis. Perfumes ela sempre comprava Cristal Classique e Contourè. Ainda na linha de cuidados com a beleza, recordo que ela só gostava de pintar as unhas com um esmalte  “ferrugem”. Era difícil vê-la com outra cor de esmalte nas mãos. Mas a vaidade de mamãe, muitas vezes, foi tolhida pelo machismo de papai. Ele não gostava que ela usasse cabelos curtos, maquiagem e nem calças compridas. Lembro que já adolescente eu me atrevia a maquiar mamãe para ir às reuniões de pais na Escola Técnica Federal de Alagoas onde meus irmãos estudavam. Ela sempre dizia: _ Nininha, o seu pai vai reclamar. Vai dizer que isso é coisa de rapariga. Eram tempos difíceis.
Olhando assim parecem poucas recordações, o que se justifica porque mamãe morreu cedo, antes de completar 40 anos, mas mesmo tão breve, deixou marcas que jamais se apagarão com o tempo.
Saudades do colo de minha mãe.